Unimed sugando de Unimed
- elano53
- 12 de abr.
- 3 min de leitura

Veja como funciona a consultoria Axis, nova aposta da Unimed Participações.
A Unimed Participações lançou a Axis, apresentada na manhã desta sexta-feira (11), durante o 21º Simpósio, em Florianópolis (SC).
Segundo o portal unimed.coop, ela é formada pela união estratégica entre a holding e a Unimed do Brasil... oferece gestão e consultoria hospitalar e de serviços ambulatoriais para as Singulares. Para isso, utiliza a expertise de parceiros estratégicos homologados, com a realização de consultorias e a gestão plena ou parcial de hospitais e ambulatórios da marca.
Aqui, eu faço parênteses para esclarecer ao leitor sobre tudo isso.
Primeiramente, relembro que a Unimed é uma marca, usada por várias cooperativas de saúde - municipais, estaduais, regionais e nacionais; cada uma com sua gestão própria, mas todas interligadas pela sigla e pelo sistema de intercâmbio.
A Unimed Brasil é a representante institucional, enquanto a Unimed Participações é uma holding, que tem o objetivo de gerar negócios controlados pelas Unimeds que dela fazem parte - forma de fugir da burocracia da gestão de uma cooperativa, que depende de aprovação de diretores e de prestação de contas aos cooperados.
Tem mais a Seguros Unimed, braço do sistema no setor de securitário, mas que vende planos de saúde também (!?). E a Unimed Nacional, antiga CNU, que opera planos de saúde em todo o país.
Depois, seguem as várias interconfederações, federações e cooperativas singulares. São cerca de 360 ao todo.
Se você está achando difícil compreender o sistema, fique tranquilo porque nem eles mesmos se entendem. Várias das cooperativas vendem produtos invadindo as áreas de outras. O consumidor que está comprando não faz ideia de quem vai prestar os serviços.
Mas chega sobre isso. Não pretendemos nos amarrar à estrutura, hoje. A formação é uma estratégia comercial fluída e o conceito muda de gestão para gestão, já que estamos falando de entidades que, de tempos em tempos, trocam de comando.
Voltando ao foco, vamos entender o desenho de verticalização em negócios da Unimed – muito diferente do que existe no mercado brasileiro.
Para quase todas as operadoras de saúde, verticalizar significa comprar, construir ou se associar a um hospital. Na Unimed não é só isso. Seus gestores estão sempre inventando uma forma de ganhar dinheiro explorando o próprio sistema cooperativo.
Então, para eles, verticalizar nem sempre é ter o próprio serviço. Vai além. É criar determinada empresa prestadora, pertencente a uma ou algumas Unimeds, e fornecer serviços a outras, mas cobrando por isso. Algumas vezes, o preço se mostra até mais caro que o de uma companhia terceirizada. E eis o desenho de verticalização dentro do modelo cooperativo atual.
A Axis, por exemplo, se anuncia como prestadora de serviços que vai cobrar para “apoiar” outras Unimeds na gestão de seus hospitais. Ela pretende atuar na “verificação da viabilidade da operação hospitalar com parceiros homologados e o monitoramento de indicadores, avaliando resultados para embasar ações preventivas e corretivas, bem como tomadas de decisão”.
Ao meu olhar, enxergo apenas a Unimed sugando dinheiro (com consultoria) das próprias Unimeds. Não existe um clube de serviços ou um intercâmbio para crescimento, destinado aos que já pagam royalties para fazer parte da marca. Qualquer aprendizado nesse grupo passa por uma cadeia comercial, em que alguém do comando central está ganhando, o vendedor ganha também para intermediar a aceitação do negócio e, quiçá, até o comprador dos serviços pode ganhar, para contratar mais uma consultoria do sistema.
Não estou especulando. Às vezes acontece de verdade. Já vi.
Então, como uma pirâmide financeira dessas pode dar certo?
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