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Os supersalários e o erro da XP

Relatório da XP sugere exagero nos salários dos CEOs, incluindo dos planos de saúde.


Todos os dias trazemos notícias e opiniões que impactam na saúde de mais de 50 milhões de brasileiros. Só que hoje foi um dia difícil na nossa redação.


É que o algoritmo nos trouxe a seguinte escolha: publicar sobre as farpas entre Jojo Todynho e o Ministério da Saúde ou as críticas aos salários recebidos pelos CEOs brasileiros, incluindo de planos de saúde. Nenhuma das opções influi, ajuda ou prejudica, em nada, os pacientes. E faz a gente suspirar de desprezo com a frivolidade da mídia do setor.


Mas vamos lá. Para não deixar o leitor na mão e permitir que ele entenda o contexto dos “escândalos” mais lidos esses dias, exploremos o tema dos salários.


A XP publicou relatório sobre a evolução das remunerações dos executivos das principais empresas do país. O conteúdo induziu várias manchetes, como a do Valor: Salários de diretores executivos aumentaram 28,6% desde 2021.


Sem nenhum esforço, fazendo uma simples conta de padaria, duvidamos que merecesse virar manchete esta trivial constatação de que os salários dos CEOs aumentaram 7% ao ano.


O IPCA do mesmo período foi 27,6%, demonstrando que a evolução das remunerações apenas acompanhou a inflação, numa média geral. Isso sem entrar nos resultados, positivos ou negativos, de cada empresa pagadora.


Além do que, o relatório faz uma salada entre companhias puramente privadas e outras com participação pública – tudo no mesmo balaio. Consta lá Brava, Grupo Mateus, Eletrobrás, JBS, Hapvida, Cosan, Vale, Sabesp, Gol. Não é razoável misturar.


Ora, as empresas públicas devem à sociedade o dever de máxima transparência dos seus gastos. O dinheiro é nosso. Já as empresas privadas menos.


No caso dos planos de saúde, o setor anunciou lucro de R$ 12 bilhões em 2024, do qual muito foi guiado pelo sucesso dos resultados líquidos de Notredame, Hapvida, Amil, Sulamérica, Bradesco, entre outras.


Aí vem uma turma da Faria Lima, que ganha bem, ponderar o patamar salarial dos analisados, deixando um forte cheiro de inveja no ar. Isso é pecado hein!


Puxa vida, se uma empresa dá um lucro na casa do bilhão, ela não deve premiar proporcionalmente os seus líderes que a conduziram a esse resultado? Certamente o investidor de uma empresa privada responderia que sim. Quem gera resultado tem que ser mesmo muito bem remunerado, para gerar mais ainda ano que vem.


Uma pena que vivemos numa época de mimimi e lacração. Hoje é feio lucrar, temos que ser todos miseravelmente limitados por baixo, ganhando pouco para seguirmos sem nenhum estímulo ao sucesso.


Em arremate, o desfecho do circo não poderia ser mais ridículo. As informações estavam erradas e os “experts” da XP publicaram nota reconhecendo:


Considerando que o valor efetivo pago foi, em muitos casos, discrepante do projetado, reconhecemos que os dados apresentados no relatório podem ter levado a conclusões errôneas, comprometendo a acurácia do estudo.

Diante disso, e prezando pela responsabilidade e precisão das informações que divulgamos, gostaríamos de esclarecer que optamos pela retirada do referido relatório de todas as nossas plataformas.”


Após o estrago feito, agora como colocar as abelhas de volta na colmeia?


Para entender nossa indignação, recomendamos a básica leitura do livro Pai Rico Pai Pobre, de Robert Kiyosaki e Sharon L. Lechter. É um começo para entender que qualquer empreitada de sucesso passa por valorizar as pessoas que nos trazem os resultados.


Errou feio na iniciativa, XP. Espalhou muito sangue na água e os tubarões vieram famintos.

 
 
 

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