Diretores da Unimed e os caminhos da fraude
- Portal JS
- 21 de abr.
- 2 min de leitura

Os recursos utilizados por gestores das Unimeds na prática das fraudes.
Matéria da Folha do Estado chama nossa atenção. O veículo anuncia risco de desvios na Unimed Cuiabá, através de empresas ligadas aos seus diretores.
A cooperativa teria desembolsado, entre 2023 e os primeiros meses de 2024, cerca de R$ 171 milhões a empresas pertencentes a seus próprios diretores, conselheiros e familiares. As informações são do site Brasil Cooperado, publicadas no último dia 18 de abril.
Nesse ponto, percebemos que o conteúdo apresenta um viés, por adicionar no cálculo a remuneração institucional dos diretores. Isso não tem nada de errado.
Mas o cerne da notícia está em mostrar que, na gestão anterior, o custo com os diretores e suas empresas era de R$ 4 milhões ao ano, enquanto agora ultrapassa R$ 100 milhões. É grave sim!
E tem mais. A matéria seguinte expõe o crescimento das despesas com consultorias e advogados. Outra porta larga para os desvios.
Dados divulgados pelo portal Brasil Cooperado revelam que, em 2022 — último ano da gestão anterior —, os gastos com esse tipo de serviço foram de R$ 14,6 milhões. Já em 2024, o montante saltou para R$ 31,8 milhões, mais do que o dobro do valor habitualmente antes empenhado.
A estatística em si não é necessariamente ruim. Poderia significar mais responsabilidade e fiscalização, entretanto os resultados da operadora não traduzem isso ainda.
A questão da Unimed Cuiabá nos parece, por enquanto, apenas uma falha de transparência, ausência de compliance capaz de demonstrar a regularidade dessas contas.
Todavia, há muitas outras artimanhas usadas no sistema, que a Folha nem cogitou.
Segundo Elano Figueiredo, existem manobras mais nefastas, que além de gerar o enriquecimento de diretores, por outro lado acarreta desequilíbrio financeiro direto na cooperativa.
“Eu já vi coisas absurdas. Inclusive denunciei às autoridades policiais. Situação em que o presidente de uma Unimed mandou elaborar um tipo de plano de saúde mais barato, para vender em larga escala, porque ele tinha gente dele atuando em corretora responsável pela comercialização. Com o preço mais baixo, vende muito e rápido, gerando comissionamento abundante. Parte disso ia pro bolso do diretor. Mas a questão é que a mensalidade mal precificada vai gerar desequilíbrio dessa carteira, a receita não cobre o custo. E, neste caso em si, a operadora atravessou dificuldades por conta da conduta. Teve até processo criminal também”.
Além das consultorias e das corretoras credenciadas, Elano ainda cita como oportunidades para desvios o setor de compras, através do qual se privilegia determinadas marcas. Da mesma forma, o direcionamento de certos serviços laboratoriais ou médico-hospitalares, quando o diretor pode facilmente receber remuneração dessas entidades preferidas, sem chamar muita atenção, já que é médico.
Enfim, tudo aponta para a necessidade de um compliance mais atuante e um conselho fiscal verdadeiramente independente da diretoria. Hoje, essas práticas de fiscalização de conformidade são insuficientes no sistema Unimed.
Em conclusão, com ou sem viés, as matérias publicadas pela Folha alertam para a necessidade do Conselho Fiscal de cada Unimed começar a agir e se proteger. Do contrário, se não impuserem transparência e rigor nas relações comerciais da cooperativa, poderão ser acusados de omissão e conivência. É aí onde o cooperado deve cobrar mais.
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