Se a saúde vai mal, que tal um banco?
- elano53
- há 2 dias
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Após três anos difíceis na operação de plano de saúde, a Unimed Fortaleza lança fintech para atuar no ramo financeiro
Se você não entende os caminhos da Unimed, tenha certeza de que não está só. A cooperativa se lançou originalmente como um plano de saúde, em que o médico seria o dono, para afastar o caráter mercantilista da atividade. Em seguida, os próprios cooperados participaram da promoção da Unicred, banco com o objetivo de financiá-los. Depois, veio a Sicred e absorveu várias Unicreds. Agora a Unimed Fortaleza se anuncia também como fintech, que nos parece ser uma atividade essencialmente mercantilista.
Batizada de Universo Soluções Financeiras, a empresa surge em parceria com a M7 Soluções Financeiras e estreia com um aporte inicial de R$ 10 milhões, focada em ampliar o acesso ao crédito dentro do ecossistema da cooperativa.
Vai oferecer, numa primeira fase, soluções de antecipação de recebíveis e de produção médica, atendendo médicos cooperados – tanto pessoa física quanto jurídica – além de fornecedores, hospitais, clínicas e laboratórios credenciados.
A fintech nasce como uma joint venture com participação igualitária entre Unimed Fortaleza e M7. O modelo aposta na inteligência de dados e na personalização do crédito.
A iniciativa também reforça a estratégia da Unimed Fortaleza de agregar novos negócios ao que já pratica, a partir de uma constatação óbvia: o resultado financeiro da cooperativa vem sendo melhor que o resultado operacional, obtido da operação com serviços de saúde.
Já escrevemos aqui sobre isso, inclusive indagando como ficará a relação histórica entre Unimed e Unicred/Sicred, agora que a primeira resolveu invadir o espaço da segunda. Isso ninguém explicou ainda.
De toda sorte, a evidente mensagem transmitida com tal iniciativa é de que o sistema Unimed tem acreditado cada vez menos na saúde suplementar. Sem alcançar a sustentabilidade apenas como plano de saúde, a alternativa para o lucro seria emprestar dinheiro a cooperados e prestadores de serviços. E aqui não queiram nos corrigir dizendo que cooperativa não dá lucro, porque estamos tratando de uma empresa propriamente dita, da qual a Unimed passou a fazer parte - a Universo.
Olhando o deteriorado cenário geral do sistema Unimed, até dá pra entender porque alguns apostam mais em ser banco que plano de saúde.
Mas e os clientes ficam como? Se a atividade financeira for mais rentável, o foco se volta para ela?
Para além disso, existirá conflito de interesses quando a pagadora de determinados serviços oferece crédito aos prestadores? "Vou te pagar próximo mês, mas pela Universo você pode receber hoje, mediante uma pequena taxa de juros", seria isso? Então, quanto mais atrasar ou alongar os prazos, melhor? Esses prestadores médicos estarão trabalhando satisfeitos com isso?
Enfim, são muitas perguntas que só a própria Unimed pode responder.
Esse conteúdo contou com informações do Portal IN.
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