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  • elano53

Por que os balanços de planos de saúde viraram um filme à la Tarantino



Resultados do primeiro trimestre das empresas do segmento não foram bons; tendência é que a temporada de números em vermelho continue

Na semana passada, empresas de plano de saúde como a Alliança, a antiga Alliar, e a Qualicorp, começaram a divulgar seus balanços sobre o primeiro trimestre deste ano. Os resultados não foram bons. A Alliança reportou prejuízo de R$ 33,7 milhões, número que dobrou em relação ao mesmo período do ano passado. A Qualicorp obteve lucro de R$ 16,5 milhões, mas essa quantia equivale a queda de 77,5% sobre o início de 2022.


Nesta semana, a temporada de divulgação de balanços do setor continua e o mercado não espera assistir a nada muito diferente do que um filme à la Tarantino. Ou seja, com números carregados no vermelho e, na melhor hipótese, lucros pífios.


A situação desse segmento é conhecida. Na prática, as receitas com os planos cresceram com a retomada do emprego no país, mas esse avanço não tem sido suficiente para cobrir – ao menos com ganhos expressivos – as despesas feitas pelos usuários. “As operadoras estão enfrentando um aumento da quantidade dos procedimentos médicos”, diz Heitor Martins, da empresa de assessoria de investimentos Nexgen Capital.


Nesse cenário, quando positivos, os resultados estão sendo embalados por aplicações financeiras das empresas e não pela operação em si. Por fim, alguns fornecedores do setor afirmam que não estão recebendo de hospitais e planos de saúde.


Dados divulgados recentemente pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), por exemplo, mostram que o segmento fechou 2022 praticamente no “zero a zero”, registrando lucro líquido de R$ 2,5 milhões. Comparado com a receita efetiva de operações de saúde, esse lucro representa apenas 0,001%. Ou seja, para cada R$ 1 mil de receita, houve R$ 0,01 de lucro.


“Lucrão” na pandemia


O resultado de 2022 representa um acentuado revés frente sobre os números anotados em anos imediatamente anteriores. Em 2020, no auge da pandemia, o setor teve um lucro substancial. Ele somou R$ 18,7 bilhões. Em 2021, esse número caiu, mas se equilibrou no azul, em R$ 3,8 bilhões. A queda do lucro entre 2020 e 2022 foi de 86,6%.


Na análise por subsetores, as operadoras exclusivamente odontológicas e médico-hospitalares registraram um prejuízo anual de $ 47,3 milhões e de R$ 505,7 milhões, respectivamente. Para as odontológicas, isso significa R$ 1,29 de prejuízo a cada R$ 100 de receitas efetivas. Para as médico-hospitalares, R$ 0,22 centavos de prejuízo para os mesmos R$ 100. Nessas modalidades, o prejuízo final foi puxado fortemente por grandes operadoras.


Desde 2021, o setor registra queda no desempenho com as operações de assistência à saúde (resultado operacional). Especialmente nas operadoras médico-hospitalares, nota-se uma “ressaca” pós-Covid, com déficit de R$ 11,5 bilhões no resultado operacional. Esse prejuízo foi parcialmente compensado pelo expressivo resultado financeiro de R$ 9,4 bilhões no ano, reflexo do aumento das taxas de juros que remuneram as aplicações financeiras das operadoras.


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