"Plano popular" x técnicos da ANS
- 22 de fev.
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Manchetes exploram associações e sindicatos de representatividade duvidosa
O Valor publicou conteúdo com manifestação da Associação de Servidores da ANS - Assetans, no sentido de que eles acham o novo modelo de plano, apenas com consultas e exames, um retrocesso.
Vou replicar em seguida a reportagem com a ASSETANS, mas antes vale verificar o quanto ela fala pelos servidores técnicos e o quanto a associação age politicamente em nome de uma corrente de "sanitaristas".
Quando estive na ANS, essa associação dividia opiniões entre os servidores da carreira. Os realistas viam ali uma reunião de pensadores idealistas da saúde, enquanto os sonhadores esperavam a representatividade que trouxesse o melhor para a categoria.
Numa coisa ambos os lados estavam certos: apenas aqueles corajosos da Assetans seriam capazes de estar ali, nessa luta.
Com o tempo, a associação foi aglomerando cada vez mais voluntários idealistas, socialistas da saúde; uma corrente que vive no setor suplementar mas prega que o SUS está acima de tudo. Eu nunca consegui entender.
Então, ler representantes da Assetans e dar uma manchete que ela fala em nome dos técnicos da ANS, é uma temeridade. De toda forma, vou trazer a notícia, porque é nosso compromisso.
"Servidores da ANS dizem que novo plano de saúde ambulatorial é retrocesso
Os servidores da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) se manifestaram novamente contra o novo plano de saúde ambulatorial, que permite apenas consultas e exames, sem cobertura de internação e quaisquer terapias e que está em fase de consulta pública. Eles destacam que o produto é um retrocesso às conquistas obtidas com a regulamentação do setor em 1998 e pode provocar um processo migratório para planos com menor cobertura.
“Olhando para o passado não seria absurdo cogitarmos um novo movimento migratório das operadoras para esse novo produto, com menores riscos, e os atuais planos completos, em sua maioria coletivos, começariam a sair da prateleira apresentados com preços ainda maiores, tornando-se insustentáveis”, diz trecho de comunicado postado pela Assetans, associação dos servidores e demais funcionários da ANS, em suas redes sociais.
Os servidores destacam ainda que colocar o novo plano ambulatorial como projeto-piloto por dois anos não é tempo suficiente para identificar e contornar os possíveis “efeitos colaterais adversos”. E, que o ideal seria realizar uma análise de impacto regulatório prévio com soluções possíveis.
Esse posicionamento ocorre após os técnicos da agência reguladora não terem assinado a proposta do produto ambulatorial, apresentado há cerca de dez dias pela diretoria colegiada da ANS.
Na época, o argumento apresentado pela diretoria é que é comum e saudável técnicos discordarem.
Em entrevista ao Valor nesta semana, o diretor de normas e habilitação da ANS, Alexandre Fioranelli, que lidera o projeto, disse não acreditar num movimento de migração para produtos mais baratos, tornando o plano de saúde com cobertura hospitalar um convênio “premium”, porque há no mercado grandes redes hospitalares e operadoras com rede própria.
Os servidores da ANS ressaltam ainda que os planos de saúde individual perderam espaço no mercado por conta de suas regras mais rígidas, com reajuste controlado e proibição de cancelamento unilateral. E que os planos coletivos com regulação mais livre passaram a ocupar prioritariamente as prateleiras.
Dentro dessa linha de raciocínio, eles argumentam que os produtos ambulatoriais tendem a passar pelo mesmo movimento."
Fica pro leitor avaliar. As informações são do Valor.
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