
Nos últimos dias, vimos várias notícias ruins sobre a Unimed Recife. Crise financeira, larvas na refeição do hospital; mas nada se compara a uma denúncia de morte de uma criança, decorrente de um atendimento que, segundo os pais da menina, foi negligente e descuidado.
Bruna era uma criança de 4 anos, que precisou de atendimento do seu plano de saúde em razão de uma aparente inflamação na garganta. Seus pais não chegaram a saber qual era o diagnóstico, porque ela faleceu, durante a realização de um exame na Unimed Recife.
As informações circulam nas redes sociais dos genitores. Eles denunciaram e tornaram públicos os fatos sobre Bruna e Unimed.
Indagada pelo Portal sobre o acontecimento, a cooperativa forneceu nota registrando que segue todos os protocolos técnicos, que o caso de Bruna foi direcionado para o SVO (Serviço de Verificação de Óbito) e que está prestando as informações que a família solicita. Não especificou o que aconteceu com a paciente.
Aqui, antes de qualquer coisa, realmente é prudente aguardar saber a causa da morte.
Mas o que percebo é que, no que diz respeito à credibilidade, a cooperativa não é mais a mesma. Não sei se o cliente abriu os olhos ou se realmente os problemas de gestão chegaram até a ponta com maior repercussão. Acredito mais na primeira hipótese.
Até poucos meses, o plano de saúde Unimed era visto como um excelente serviço. Havia uma empatia da marca com o consumidor, capaz de impedir que os pacientes percebessem a quantidade de falhas que o sistema ostenta. Todos os focos de ataques eram sempre para os concorrentes: Amil, Bradesco, Sulamérica, Hapvida, entre outros. Eles seriam os vilões, pois negam tudo.
Já numa cooperativa, por outro lado, prevalece a ideia de que o médico é dono e ele quem busca o melhor para o paciente. A estratégia de marketing era bem eficiente, conquistando simpatia nos maiores veículos de comunicação ou anunciando neles. Mas a evolução da informação independente mudou o jogo.
Especificamente a partir de maio de 2023, o Portal JS, que se dedica a traduzir ao público em geral o que realmente acontece na saúde, iniciou um destemido trabalho de desvendar também o sistema Unimed. Foi um dos primeiros canais a analisar o “xadrez” na Unimed Rio. Ainda em 2023, o JS ponderou se seria razoável a Unimed Recife vender o seu atendimento oncológico à Oncoclínicas. Apenas o Portal teve a coragem de duvidar.
Em maio de 2024, foi publicado o conteúdo que reputamos ter sido realmente o divisor de águas: “O dominó chamado Unimed”, através do qual Elano Figueiredo traçou uma linha entre os defeitos históricos de gestão das cooperativas de planos de saúde e os resultados ruins que estão suportando agora. Mostrou que alguns diretores (incluindo da Unimed Recife) estão há 30 anos no poder, como verdadeiros donos da operadora. Não dão nenhuma chance para a oxigenação da instituição.
E, como muitos simpatizantes da Unimed tentavam desacreditar as informações do Portal JS nos comentários, esse canal foi o primeiro a trazer ao consumidor dados consolidados e explicativos colhidos dos sites das próprias Unimeds. Também foi pioneiro em traduzir para os beneficiários os números que a ANS publica no seu sistema chamado Power-BI, de uma maneira que todos pudessem compreender. Assim, tornou-se impossível a operadora de saúde continuar tampando o sol com uma peneira.
A partir disso, seguiram-se ameaças, notificações, ligações de gente importante. Todos tentaram frear o ímpeto do Portal JS de apontar exatamente o que leva o sistema cooperativo de saúde à ruína e põe em risco a continuidade do atendimento desses consumidores. Foi um período muito difícil de retaliações e perda de clientes.
Todavia, o Justiça e Saúde foi criado com o propósito de mostrar a verdade, de uma forma acessível, para as mais de 50 milhões de pessoas que precisam dos planos de saúde e também para os outros tantos milhões que se valem da assistência médica de qualquer origem.
Foi assim, com coragem, que contribuímos e orientamos os leitores a enxergarem, por si só, o que está acontecendo. Nós mostramos os fatos. E o movimento entrou agora em velocidade de cruzeiro. Cada cliente do plano Unimed Recife consegue enxergar mais claramente a crise em que a operadora está, bem como de todo o sistema cooperativo de planos de saúde.
Hoje, podemos dizer que a reputação da Unimed foi posta em xeque. O paciente não vai mais acreditar em contos da carochinha. Não acreditará na versão que vem de um lado só. Vai aguardar o atestado de óbito emitido pelas autoridades competentes e fiscalizar tudo de perto.
Quem encontrar larvas no feijão não vai mais se calar. Quem tiver um filho com o pulmão perfurado também não. O Blog do Ricardo Antunes já entendeu. E os pais da menina Bruna perceberam tudo isso da pior forma. Então, desenha-se uma corrente de verdades.
A Unimed terá mais dificuldade de se esquivar quando prestar serviços desqualificados. A fama de boa operadora não se sustenta mais. E as vítimas não vão se calar.
Que Deus receba Bruna. E que Deus coloque a Unimed nos trilhos.
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