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As farmácias no papel de pronto-socorro 

elano53

Nessa semana circulou notícia bastante interessante, sobre a Raia Drogasil. Diz que a rede de farmácias procura um plano de saúde, com a proposta dela servir como rede de atendimento básico.


Essa ideia não é nova. Tenho acompanhado inciativas parecidas, já há alguns anos.


Acompanhei de longe as tratativas da rede Pague Menos, com uma pequena operadora de Fortaleza, para realizar teleatendimentos na Drugstore. Estava tudo bem pensado e organizado, para as farmácias não ultrapassarem seus limites de atuação e nem invadirem a área privativa dos médicos. Chegaram a realizar piloto do modelo.


Também tive notícias de que algumas Unimeds pensaram no mesmo desenho.


Entendamos: ao invés das pessoas continuarem se valendo da opinião do farmacêutico sem uma regulação adequada dessa atividade, o plano é oficializar a atuação e entregar ferramentas para que esse primeiro atendimento seja feito responsavelmente.


Desta vez, o tema realmente ganha corpo, pois patrocinado pela maior rede de drogarias do país.


O CEO da companhia, Renato Raduan, trabalha nesse sentido. O programa reforçaria a rede e respeitaria critérios éticos e legais no atendimento.


Pronto-socorro é um inferno. Um dos pesadelos é que a pessoa espirrou e vai para o pronto-socorro, que é caríssimo. E 80% das entradas são casos de baixa complexidade, como dor de garganta, espirro, gripe, resfriado”, disse ele.


Raduan ainda disse que o grupo deve montar um programa junto às empresas para ir além dos planos de desconto em medicamentos, e focado no acompanhamento da saúde de funcionários.


A farmácia passou a poder vender vacinas em 2019. Depois, com a Covid, foram liberados os testes rápidos. Os órgãos reguladores enxergaram o papel que a farmácia pode ter como agente de saúde. E o sistema de saúde está bastante prejudicado. Não para de pé, a conta, não fecha. O Brasil tem 90 mil farmácias. Estamos a cinco minutos de mais 100 milhões de brasileiros. A gente tem todos os ativos para ajudar a desafogar o sistema de saúde e fazer um primeiro atendimento”, disse ele em entrevista ao jornal Valor.


Lembremos que recentemente, em 2023, a Anvisa publicou a Resolução 786, autorizando as farmácias a realizarem exames de análises clínicas.


Como um entusiasta da desburocratização da saúde, sou também um fã dessa iniciativa. É lógico que devemos esperar uma resistência grande das entidades médicas. Mas o que se pretende não é invadir o ato médico, e sim desafogar os atendimentos em unidades onde os profissionais da saúde não dão conta da quantidade de pacientes.


Se os médicos querem ter a prerrogativa de só eles atenderem os doentes, então que deem conta das filas. Hoje não dão. Na verdade, tem paciente morrendo na espera e muitos nem percebem que ele morreu. De verdade. Acesse a notícia.


É duro ter que dizer isso. Poucos tem a coragem de publicar. Mas é assim mesmo. As farmácias podem ser uma esperança para nunca mais vermos notícias de paciente morto numa fila.


Há risco da inovação acarretar tratamentos inadequados? Sim. E isso que deve ser planejado e evitado e não usado como justificativa para desistir do modelo.


Quem sabe o melhor dos mundos não seja haver médicos atuando junto às farmácias? Desde que isso não sirva como reserva de mercado, também sou a favor.


A política nacional hospitalocêntrica, que hoje prevalece, não é a melhor.


Elano Figueiredo, ex-Diretor da ANS, especialista em sistemas de saúde e fundador do Portal JS.

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